sábado, 9 de junho de 2007

O hilariante próximo do trágico fazendo graça da própria desgraça

Blog do Roberto Moraes - 08 de junho de 2007 - 10:34 -
Comentário de Bruno Lindolfo
Aluno da Ucam Campos e cidadão campista.

Que parece haver em nossa cidade um ranço feudal, não há duvidas. Há declarações proferidas pelos nossos algozes governantes que, de tão estapafúrdias, são no mínimo risíveis, tamanha a imbecilidade. O hilariante está muito próximo do trágico, já dizia Bertolt Brecht. No entanto, o sorriso sarcástico, que faz graça da própria desgraça, some quando por golpe nos é arrancado de forma abrupta e irascível. Abrir um jornal de Campos parece, invariavelmente, ensejar um bocejo: linhas trôpegas, argumentação torpe, discursos inférteis em nada relevantes, opiniões que saltam aos olhos necessariamente perdem-se na polarização política inútil e no maniqueísmo sórdido, onde bem e mal se entrincheiram a gosto do freguês.

Os periódicos campistas parecem, de certa forma, representar com excelência a atmosfera da cidade e seu povo: a reciprocidade é absurda. Tudo transcorreria como sempre caso hoje pela manhã não fossemos, cidadãos campistas, bombardeados em uma dessas colunas. Não por mérito do articulista, que, aliás, em face da galhofa governamental que representa, cumpre seu papel à altura.

Num atentado moral vexatório, que em qualquer cidade ou país que se preze sério ficaria à mercê de uma retratação pública para posteriormente ser expurgado do seu cargo de imediato, este senhor, ostentando seu título de secretário, arrombou a liberdade de todos nós.Inúmeras são as argumentações que este cidadão poderia utilizar para contrapor os métodos da pesquisa realizada pela Faculdade Candido Mendes, mas talvez a mentalidade provinciana do secretário, e a afeição que tem pelo jugo opressor não permitam que faça um discurso menos evasivo e simplório, legando aos seus escritos um odor ditatorial insuportável.

O dinheiro que custeia as bolsas escolares, secretário, é dinheiro público. Estas bolsas são uma medida necessária para promover minimamente a justiça social e a socialização dos que estão à margem da sociedade, dando oportunidade de ingressar no ensino superior. Por conseguinte, por se tratar de dinheiro publico, sua aplicabilidade não é vedada ao altruísmo de um governante, mas direito constituído pelo cidadão. Não é favor algum, mas dever, embora seja favorável de certa forma para aquelas instituições que se dobram a este poder público ao mínimo aceno capital.

O secretário, como porta voz do governo, deveria vir a público externar quais são os deturpados critérios utilizados para distribuir estas bolsas, embora nos bastidores saibamos que é moeda de troca e influência política. Deveria demonstrar por onde escorre o turbilhão de recursos dos royalties, pois, qualquer ser minimamente critico que leia ou apenas caminhe por esta cidade percebe que sua realidade não condiz com o que deveria ser a realidade de uma cidade que ocupa proporcionalmente o 5º lugar em arrecadação no país.

Deveria, também, ater-se à sua função e controlar seus arroubos caudilhos, honrar o diploma que ostenta, bem como os colegas de profissão, que deram sangue para que a imprensa neste país alcançasse sua independência. O cidadão campista, e acredito também, a instituição Candido Mendes, não se dobrarão à subserviência que tenta nos impor através desta chantagem pública que nada deve aos tempos da mordaça.Angariar apoio desta forma na cidade parece já ser senso comum, tão comum, que a falta de senso deste artigo hodierno talvez nem ao menos tenha sido sentida, até mesmo por seu autor.

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